9/13/2014


Somos um e somos vários: somos a nossa consciência falante, somos as emoções flutuantes, somos as energias positivas e negativas. Somos a dinâmica constante e inconstante do nosso meio. Somos felicidade e a tristeza ao mesmo tempo,  somos o nosso fim e nosso próprio começo. Somos nossos sonhos e também nossos pesadelos!

Algumas pessoas ligam o piloto-automático e seguem a direção do vento: embriagam-se da própria euforia e passam a vida assim... Sem ouvir a própria voz interior, sem perceber suas emoções, sem compreender que a felicidade completa a tristeza e vice-versa. Pessoas assim seguem falsamente risonhas, acreditando que estão enganando aos outros, mas enganam-se a si próprias.

Não sei do que eu sou feita, me sinto assim, imperfeita. Por ser assim, antes de eu morrer, quero saber: quantas mesmo já habitaram em mim? Quero sim, saber quem fui e de onde vim. Conversar com a minha consciência falante, rir com as minhas emoções flutuantes... Ter em mim o Yin e o Yang, ser ora quem vai e ora quem fica, ser quem reflete e ser quem medita.

Simone Savage
08.07.2014 Munique, Alemanha

9/30/2009












A minha leitura é de almas que se escondem, até delas próprias.
Por isso queria ter o poder de salvar pessoas: salvá-las de si mesmas! Gostaria de abraçá-las, um abraço terno e longo, dizer-lhes que não existem culpados... Aceitem apenas suas histórias: que nunca são demasiadamente tristes, tão pouco, demasiadamente alegres!

Como queria eu poder resolver todos os problemas:
facilitar todas as ilusões, para mostrar simplesmente que se as subtrairmos, somos tão iguais. Viver, o que é senão viver?
A soma e a falta...

As ilusões são doces, chocolates, bolas de sorvete! Vive-se para comer ou para sonhar? Vive-se para sofrer ou para superar? Se a vida é a falta, a felicidade é surreal. O grande desafio é desaprender para reaprender a liberdade do espírito, sem preconceitos e paradigmas, livre!

O quê somos então?

Talvez, persistência.

4/27/2009



Existem momentos em que vou sem saber para onde,
que falo sem saber o quê,
que vou morrendo sem perceber.

Existem momentos que dou sem nada esperar
e que espero sem nada obter,
que choro sem ter razão,
e quando tenho razão, não tenho um por quê.

Existem momentos que acredito sem ter provas
e que provo sem ter motivos.
Que vou, que fico, me deixo, me levo,
mente e coração aflitos.


11/07/2008


Sou uma gota de chuva que despencou do céu! De lá do alto, bem alto, fui caindo até tocar numa árvore! Do alto desta árvore, fui escorregando folha por folha, até tocar a terra! Então viajei mais fundo, nas profundezas...Até chegar num mundo feito de mim, feito de gotas, de muitas gotas!

Já não me sentia mais apenas uma gota, senti-me estranha... Perdi a minha idêntidade neste lago substerrâneo e escuro. Como num estado de choque, paralisei-me! Nesta imersão, percebi a minha existência: não diria insignificante, porque eu era uma partícula de algo maior.

Como continuar sendo uma gota, invísível aos olhos humanos, sem provar a minha existência?

Preferi meditar.



Gosto de tranças: de cabelos, de cordas, de novelos... Tranças que se enroscam entre si, e juntas, se fortalecem e perpetuam... Tranças, danças ao vento, andanças, mudanças, tranças alianças, se apertam e se amarram, se torturam e se amam, como os homens!
O meu pensamento é livre: acorda livre, caminha livre, sem fronteiras.

Então a liberdade hipócrita das sociedades hipócritas que se dizem livres, morrem em si.

Somente o meu pensamento livre sobrevive a mim:
me diz e contradiz, concorda e discorda... Terminará quando eu terminarei: nem nos sonhos, só na morte!

9/03/2008

Sobre o respeito...










Mais do que ser amados, queremos ser respeitados. O respeito que damos aos outros, normalmente é mesmo que recebemos. É uma postura! Respeito é algo precioso e deve ser sempre cultivado, para garantir qualidade nas relações: numa família, num casamento, numa amizade, num namoro...
Nos muitos anos que se levam para construir relações, respeitar e ser respeitado é sempre um desafio, ao mesmo tempo, um caminho de satisfação.



4/09/2008

Cresci no capitalismo do pobre, que é muito mais selvagem que o capitalismo do rico. Fui muitas vezes engolida, tragada pela força do trabalho, da exploração, do instinto à sobrevivência. Como fui forte! Como resisti a dor (da humilhação!). Resisti sim, e mantive o meu amor próprio: e fui mais forte e mais selvagem que o próprio capitalismo! Este, derrubou-me muitas vezes: mas o meu amor próprio me esbofeteou, me ergueu e me disse que eu era melhor que tudo isso!

É, devo unicamente ao amor próprio a minha vitória...

Mesmo sabendo que venci: também sei que perdi! Por isso, não há comemoração. Aprendi apenas a aceitar que o tempo, a história e as perdas são fatos da vida: e que não existe uma segunda chance...

...porque todas as chances são e serão sempre a primeira, mesmo que seja só para recomeçar.

Munique, 03.02.08

Escrever é um exercício, e o pratico não somente
na escrita de palavras, mas na interpretação do
que se passa na minha própria alma.

O que escrevo nada tem de importante,
que não seja eu mesma - e numa quase absoluta
solidão e caos - procuro por caminhos que me levem
ao encontro de certo paraíso, qualquer um que seja...

Os caminhos tornam-se becos, labirintos,
trilhas tortuosas... Nada carrego comigo,
que não seja somente o céu: o céu azul,
o céu nublado, o céu escuro, as tempestades!

De repente: paz!

Inesperadamente, encontro-me com Deus!

Munique, 02.04.08

4/08/2008

Vivo entrelaçada nos segundos dos minutos das horas
dos dias das semanas dos meses dos anos...
Vivo entrelaçada entre a ilusão e o real,
entre a noite e o dia, entre a morte e a vida.

Apunhalo-me! Então sangro... e curo a minha própria ferida,
com meu próprio remédio:

a coragem!


Munique, 07.03.08

1/29/2008

O que me pertence?


A brisa leva as folhas de um lugar ao outro, e é sempre assim nesta época. Enquanto caminho pelo parque, observo a natureza tão bela deste lugar: águas límpidas, verde e céu azul se completam, flores de todas as cores! Pássaros, patos, esquilos, cães felizes e seus donos (talvez felizes...) É uma natureza lindíssima, mas que não me pertence. Consigo apreciá-la, como aprecio um quadro, uma fotografia, mas dentro de mim, sei, que não pertenço a este lugar, e que este lugar não me pertence. Pergunto então: o que me pertence?
O que já me pertenceu não me pertence mais. O que passou, ficou para trás: atrás de uma montanha, de um rio, de um campo, de um oceano... do infinito que caminha na direção contrária dos meus passos. O que me pertence? Se esta natureza tão bela não me pertence, qual natureza é a minha então?Talvez o que me pertença seja só a minha alma... Talvez o que é meu não esteja escrito, nunca foi dito! O meu reflexo não me pertence, tal como a brisa que leva as folhas de um lugar ao outro... Sei o que não me pertence, por certo, sei. Sei também o que nunca me pertenceu, só não sei o que me pertence (se nem meus filhos me pertencem!). Nem esse corpo de mulher que se diz meu, nem o ar que respiro, nem a água que bebo, nem os raios de sol! Nem o dia, nem a noite, nem meu homem: absolutamente...nada! Existir talvez seja esse “não pertencer”. É assim, um desencontro de mim mesma, à procura de um sentido para a minha própria existência. O que me pertence?
As horas ignoram o meu desespero, os dias vão-se... anos, o que então, me pertence? Pertencer ou não é como “ser ou não ser”, e até Shakespeare morreu sem resolver tal questão!

Munique, 11.01.2008

O que me pertence?

A brisa leva as folhas de um lugar ao outro, e é sempre assim nesta época. Enquanto caminho pelo parque, observo a natureza tão bela deste lugar: águas límpidas, verde e céu azul se completam, flores de todas as cores! Pássaros, patos, esquilos, cães felizes e seus donos (talvez felizes...) É uma natureza lindíssima, mas que não me pertence. Consigo apreciá-la, como aprecio um quadro, uma fotografia, mas dentro de mim, sei, que não pertenço a este lugar, e que este lugar não me pertence.
Pergunto então: o que me pertence?
O que já me pertenceu não me pertence mais. O que passou, ficou para trás: atrás de uma montanha, de um rio, de um campo, de um oceano... do infinito que caminha na direção contrária dos meus passos.
O que me pertence?
Se esta natureza tão bela não me pertence, qual natureza é a minha então?Talvez o que me pertença seja só a minha alma... Talvez o que é meu não esteja escrito, nunca foi dito! O meu reflexo não me pertence, tal como a brisa que leva as folhas de um lugar ao outro...
Sei o que não me pertence, por certo, sei. Sei também o que nunca me pertenceu, só não sei o que me pertence (se nem meus filhos me pertencem!). Nem esse corpo de mulher que se diz meu, nem o ar que respiro, que a água que bebo, nem os raios de sol! Nem o dia, nem a noite, nem meu homem: absolutamente...nada! Existir talvez seja esse “não pertencer”. É assim, um desencontro de mim mesma, à procura de um sentido para a minha própria existência.
O que me pertence?
As horas ignoram o meu desespero, os dias vão-se... anos, o que então, me pertence?
Pertencer ou não é como “ser ou não ser”, e até Shakespeare morreu sem resolver tal questão!

Munique, 11.01.2008

7/06/2007


Algumas vezes, dou muitas risadas, gargalhadas, até encontrar o meu fim. E quando chego lá, neste fim, tudo perde a graça, e sinto uma vontade louca de chorar... Como explicar que certa alegria me leva à tristeza, senão saber que a própria tristeza se esconde, sorrateiramente, em meu fim!

(Munique, 22/06/2007)

"O bons deuses prenderam os maus, dentro das montanhas.
Depois, as cobriu de neve, para trancá-los lá dentro!
Se um dia o gelo dessas montanhas derreter, será o fim dos tempos!"

Xamã Andino desconhecido (entre Peru e Bolívia).

5/04/2007

Muitas vezes, na vida, existe um caminho, não dois.
E não há atalhos neste caminho: existe somente um caminho,
não outro, então o melhor é se encher de coragem e seguir.
Não se conhece o que há neste caminho, nem a sua direção...
Porém, se não há opção: é ficar or ir, na busca do que está por vir!

11/11/2006

Crônica "O tempo"...


...ganhei, com esta crônica, a segunda colocação no
I Concurso Literário Brasileiros-na-Alemanha.com

O Tempo

As roupas balançam no varal...
Todos os dias num mesmo movimento, na mesmice...
Todos os dias são iguais e monótonos no varal!
Tempo!?! Então lembrei de quando o tempo me sobrava, quando as noites e os dias eram longos, intermináveis, mas não havia um amor. As noites eram frias e tristes, solitárias...
Até que então esse amor surgiu! Dividiu comigo a cama, o corpo, as manhãs. Trouxe-me vida, sorrisos e abraços, paixão e calor.

O tempo? Passou a ser compartilhado, lado-a-lado, tempo e amor.
Percebi então, que faltava o preenchimento do espaço entre o tempo e o amor, foi assim que vieram os filhos...

Os filhos trouxeram mais vida, mais movimento, mais sentido!
Fizeram de cada dia um novo dia, e transformaram o sentido do tempo e do amor. Hoje questiono o tempo que me falta...
Talvez o tempo livre faça da existência um mero vazio, para onde os pensamentos viajam desnecessariamente, onde perde-se tempo...ou melhor, o tempo se perde.

As roupas continuam balançando no varal, num mesmo movimento, na mesmice de sempre! Porém a minha vida não é mais a mesma, meu tempo não é mais o mesmo...Já não tenho somente um amor, tenho vários!

Compreendi então que o tempo por si mesmo é inerte, aquele que todos os dias balança as roupas no varal. Em qualquer lugar do mundo, a vida se transforma não por causa do tempo, mas pelos nossos desejos de mudança, para dar sentido à existência, a continuidade e a coexistência.

9/17/2006

Velhice?!? Quem, eu?!?


Envelheço desesperadamente...

Todos os dias vejo-me outra: outra face, outro olhar,
outro sorriso, outro penteado, outro corpo, outro cansaço!

Tento ignorar, fingir que não é comigo, mas só eu sei que
minha pele já não carrega o frescor e a beleza da juventude!

Quem se desespera? Eu ou a velhice que vem a mim?
Sim, ela também se desespera à espera da minha entrega.
Não, ainda não!

Aonde estão todos os meus cremes, minhas revistas?
Cadê os endereços dos spas e esteticistas?
Os cirurgiões plásticos?

Desesperadamente procuro travar o relógio...
Que dia é hoje? Qual o ano que estamos?
Não sei e não quero saber!

Não perguntem a minha idade: sou mulher madura!

Aonde estão os meus cremes? Todos os meus cremes?

9/08/2006

Dança sem ventre



Experimentou ficar de barriga de fora,
num jeans sem cintura.
Experimentei tesão.

Um dançar único,
com jeito de trepada.
Tivesse o ventre nú seria perfeito.

No meio da dança,
no meio de todos,
ajoelhar-me e beijar seu umbigo.

(Escrito por Rotsen Alves Pereira em 1999
e dedicado à Mulher-in-visível).

9/02/2006

Rio ISAR...



Meu nome completo, de nascida, tem as iniciais de um rio da Alemanha chamado ISAR.

Ainda pequena, na infância, o meu livro de banheiro preferido era o Atlas (diga-se de passagem, sempre gostei muito de mapas). Lá, o nome desse rio chamava sempre a minha atenção: ISAR! Uma linhazinha azul, perdida no mapa, tão pequena, mas estava lá as minhas iniciais: ISAR.

Anos mais tarde (mais de 20 anos mais tarde), vim a viver e conviver com o ISAR (lado-a-lado, todos os dias). Sei que existe uma ligação: foi um rio predestinado ao meu encontro!

Eu e o rio,
eu como o rio,
eu quando rio,
eu força do rio,
eu ISAR,
rio ISAR.

7/30/2006

Raul Seixas, único!



Veja
Não diga que a canção está perdida
Tenha fé em Deus, tenha fé na vida
Tente outra vez

Beba
Pois a água viva ainda está na fonte
Você tem dois pés para cruzar a ponte
Nada acabou, não não não não

Tente
Levante sua mão sedenta e recomece a andar
Não pense que a cabeça agüenta se você parar,
não não não não
Há uma voz que canta,
uma voz que dança,
uma voz que gira
Bailando no ar

Queira
Basta ser sincero e desejar profundo
Você será capaz de sacudir o mundo, vai
Tente outra vez

Tente
E não diga que a vitória está perdida
Se é de batalhas que se vive a vida
Tente outra vez

...TENTE! TENTE OUTRA VEZ! TENTE SEMPRE OUTRA VEZ!...

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6/26/2006



Existem cores combinadas
tão perfeitamente na natureza,
que não dá para duvidar
da existência de Deus.

1/04/2006

Verdade x Não-Verdade



De todas as verdades, aprendi a não-verdade,
que de nada serve, verdade ou não.

Aprendi a não-verdade através do interesse (oculto)
e da intenção (oculta), a verdade não.

A verdade e a não-verdade possuem tão parecidas faces,
se peneiradas, verdades (e) não.

De nada servem as verdades e não-verdades:
a felicidade é sempre em vão!

12/23/2005

Cameron Diaz X Vanessa H.



Dê sua opinião... Será ela a Cameron Diaz de 2020?

Mosaico


Estou distante,
longe além,
pensando só em mim,
mais ninguém.

Mergulho,
vou fundo,
profundo,
sou eu.

Explodo em milhões
de pedaços e cacos...

Depois, com o tempo,
me faço de novo,
em outros mosaicos e
sou outra.

12/18/2005

Eu sou um Anjo sem asas!


Sei que sou um Anjo que me roubaram as asas,
e de tanto amor me esconderam as minhas asas de mim.
De Guardiã, virei Prisioneira deste amor,
de prisioneira, tornei-me infeliz.

Quero voltar a voar,
voltar a sorrir e
fazer também sorrisos:
aonde estão as minhas asas, que pertencem só a mim?

Se me amas tanto assim,
sejas então meu Grande Amor
e não o meu Senhor:
eu só sou Anjo, se livre,
eu só amo, se livre,
só sou feliz livre!

Aonde estão as minhas asas, que pertencem só a mim?

12/01/2005

Meu Céu!


O meu fascínio é o céu,
lugar esplêndido, iluminado.

O céu é limpo de coisas…
É belo, mesmo nublado!

Oh! Céu ensolarado!

Queria eu poder voar e
conhecê-lo de pertinho,
tão azul, azulzinho!

O céu é lindo sim!

Eu?

Queria o céu só prá mim!

11/16/2005

Índia



Sou índia:
cabelos negros,
pele morena,
olhos escuros,
jaboticaba.

Sou livre por
entre o verde,
água torrente,
pássaro-preto.

Sou índia
de ascendência,
pele de jambo,
boca pitanga.

Sou como a noite,
sou como a lama:
raiz da terra,
pérola-negra.

11/02/2005

Pelos direitos de SER-LIVRE!


Questiono o mundo, a política, a TV e
todo esse sistema "high-tech" que nos aprisiona.
Procuro pelo tempo e não pela falta dele!

Quero o não-compromisso, dar muita risada,
trocar um olhar amigo: quero ser gente e não máquina!

Os meus passos eu os quero livres de antenas e satélites.
Eu não quero existir em radares ou números:
eu absolutamente não quero ser código-de-barras!

Eu sou gente e não máquina!

Nós sabemos que em todos os tempos sempre houveram
os opressores e os oprimidos: sempre houve uma
revolução e os assassinos dela!

ABAIXO A DITADURA CORPORATIVISTA DAS GRANDES EMPRESAS
INTERNACIONAIS, QUE ESTÃO DESTRUINDO TODAS AS FORMAS
DE SERMOS HUMANOS!

Essas empresas exploram o mundo e transformam os seres
em números, tabelas, relógios cronômetrados, máquinas!

Eu sou gente e não máquina!

Eu não quero pertencer a esse sistema predador e você?
Eu quero ser livre e você?

Porque eu sou gente e não máquina!

10/25/2005

Metamorfose frenética... nós somos!


Tudo o que me vêm, através dos meus sentidos; seja uma imagem, um som qualquer, uma conversa, uma palavra ou até mesmo a escuridão e o silêncio, transpassa o meu ser e transforma-se noutra coisa.

Para mim nada é conclusivo e definitivo: tudo pode ser reexplicado, redirigido, revisto – para tudo aquilo que sempre nos disseram ter um fim, há e haverá sempre uma nova perspectiva, resultando num novo começo: um recomeço.

Assim como tudo não é conclusivo e definitivo, a própria vida não o é: ela carrega em si a própria indefinição. Por isso, podemos sempre nos redescobrir e nos refazer em outro. Não há nada que possa parar essa metamorfose frenética, que somos nós.

10/22/2005

Desconstrução...


Pulei do ponto mais alto, pulei...
Mergulhei em mim - eu sou o centro!
Neste mergulho tive momentos de agonia,
uma certa falta de ar...
Vi quantos lugares desconhecidos possuo à mim mesma:
lugares que tenho medo de enxergar.
Vi-me criança, desamparada,
à mercê do acaso e da sorte.
Vi no meu rosto os olhos medrosos e um sorriso falho:
uma criança sem alegria.
Fugi... (mas como fugir de mim?)
Me deparei com outro rosto, mas ainda eu mesma:
um rosto jovem e decidido, até certo ponto frio
(mesmo sabendo que essa frieza era uma máscara
na luta pela sobrevivência!).
Corri... (mas como correr de mim?)
Neste momento, atravessei um corredor estreito,
tão estreito... não sei como passei por ele.
Do outro lado havia uma mulher, ainda jovem,
porém sozinha - completamente.
Vi nela a força de quem não se deixa vencer,
mesmo sabendo de que não há vencedor no jogo da vida!
Chorei... (mas como chorar por mim?)
De repente, encontrei-me com a ebulição do meu sangue,
jorrando vidas, me torturando e ao mesmo tempo,
tornando-me a mais bela...
Esqueci de mim: deixei meu centro, pari!
(desconstruí, como eu não sei, deste ponto me perdi de mim!).
Continuo neste mergulho profundo,
à procura de tudo o que fui à mim mesma...
Quero os meus medos, a minha solidão, a minha força,
a minha ebulição! Quero tudo!
Quero meu sangue jorrando, encontrar a mulher que se perdeu...
Só não quero fugir, correr, chorar!
Sou o acúmulo de todas quem fui, e não sei quem fui e quem sou!
Quero encontrar a saída do meu labirinto...
Pergunta: se não há vencedor no jogo da vida,
por que eu procuro a saída?

10/16/2005

Se eu, talvez se...


Da janela observo... o quê?
O quê faço eu ali?
Penso sobre a vida ou sobre vidas?
Quem seria eu hoje, se aquele namorico de mil anos atrás
fosse levado à sério, se aquele curso incompleto de alemão
tivesse sido concluído... Se aquele amigo não tivesse me
estendido à mão, no meu momento de desespero...
Quem seria eu hoje? Aonde estaria eu? Talvez não naquela janela,
fazendo "do pensar" nada de importante...
Como as folhas de uma árvore no outuno,
assim são os pensamentos que me rodeiam!
Quem seria eu hoje, se...?
Talvez outra...
Talvez ainda... eu mesma.

10/12/2005

Eu sou a FORÇA!


Eu corria adentro da densa selva. Meus cabelos eram negros e longos, naturalmente selvagens. Vestia apenas uma tanga feita de folhas secas e trançadas. No meu braço esquerdo, entre o cotovelo e o ombro, tinha uma tatuagem feita com pigmento natural: era um olho. Eu tinha três olhos e cinco armas: uma flecha, um estilingue, uma machadinha de pedra, uma faca e as minhas mãos. Eu não conhecia o medo, e por isso, sentia-me livre nesta selva, porque eu era parte dela. Sobreviver era a lei do mais forte, não necessariamente forte no físico, mas no instinto!

Todos os dias eu percorria a selva à procura de alimento e de prazer. O prazer da água, o prazer do cheiro, o prazer do tato. Porém, independente de onde eu estivesse, eu retornava sempre para a Grande-Árvore.

A Grande-Árvore era a minha fonte de energia, a minha proteção, a minha mantenedora. Eu a abraçava e a cheirava, sentindo o melhor dela. Subia até seu topo e de lá avistava um outro mundo, um imenso lago verde e o céu. E lá de cima o céu se tornava escuro, eu via o espaço estrelar e todos os deuses, que estavam acima de tudo e de todos os seres daqui. Sempre adormecia no alto da Grande-Árvore, certa e segura de que nada aconteceria a mim, porque a Grande-Árvore tinha em mim sua filha e os deuses também. Quando há o zunido dos insetos, a agitação dos pássaros começam, é porque o Rei-Sol está chegando. Era sinal de acordar! Descia rapidamente e enquanto o céu-alaranjava anunciando um novo dia, eu começava a dançar! Dançava em torno da Grande-Árvore para o Rei-Sol! A minha dança louvava mais um dia de vida! E quando todos se silenciavam, e só ouvíamos o som das águas correndo, é porque ele já estava lá! Então eu sorria para todos e para mim, porque eu era feliz, eu tinha tudo o que precisava, inclusive a liberdade! Eu dava um grito, desejando ao Rei-Sol boas-vindas e ia caçar!

A selva nunca representara perigo a mim até então... Foi quando sentei-me numa pedra, às margens de uma cachoeira, que ouvi uma voz. Nunca havia ouvido uma voz, somente sons! Essa voz falou bem ao meu ouvido: “Eu sou o seu guia. Vim para avisá-la que hoje será um dia diferente. Você conhecerá a sua inimiga mortal, aquela que quer a sua selva, a sua Grande-Árvore, as suas armas! Você terá hoje um duelo em defesa de tudo aquilo que te pertence! Esteja preparada!”.

Mantive-me quieta, imóvel e meus olhos se fecharam. Através do meu olfato, pude sentir que não estava só. Ela já estava ali, atrás de mim. Podia ouvir agora seus movimentos de um lado para o outro, nervosos, como um animal felino e traiçoeiro, preparando-se para à caça.

Sob os meus olhos, o meu espírito estava atento. Ouvi a voz novamente daquele que se dizia meu guia “Ela que veio a ti, em busca do seu próprio egoísmo. Ela não te quer aqui, não quer dividir nada. Liberte o teu espírito e dance ao redor dela. Tu tens uma arma que ainda desconheces, mas que faz parte de ti, é a tua força. Faça a dança da guerra, porque o teu nome é Força!”.

Foi então que me vi sentada de olhos fechados ali naquela pedra, e pela primeira vez, avistei aquela predadora atrás de mim. Era um bicho em forma de mulher. Sua pele era branca, seus cabelos eram brancos e os seus olhos eram tão claros e transparentes, que não tinham fundo. Pessoas que não têm fundo nos olhos não são confiáveis! Para ela eu era a presa, a caça! O meu corpo já sentia as suas narinas quentes sobre ele, mas o meu espírito já dançava ao seu redor invocando todos os deuses que me deram a força.

Ela não me via, mas eu tinha a visão de tudo o que estava acontecendo. E no momento exato, meus olhos se abriram, e como um animal quadrúpede, me virei e pulei sobre ela, com toda a força que estava em mim, e no impacto de um único golpe, preciso e mortal, a destrui. Destrui a sua forma traiçoeira e arrogante contra mim. Foi um ato sem dúvidas ou fraquezas: eu a matei, porque com o inimigo não há escolhas: é matar ou morrer!

Meu guia disse: “Desapareça com o corpo, para que esse espírito ruim se vá com ele e que não vague ainda a procura de ti pela selva!”. Então amarrei um cipó entre seus pés e mãos, e a arrastei até um precipício. De lá, a empurrei para um lugar escuro e desconhecido, onde nunca mais encontraria o caminho de volta. O seu espírito foi-se também! Eu estava livre!

Era hora de retornar...retornar a Grande-Árvore. Corri em direção da minha fonte de energia! Não compreendia o porquê temos inimigos, à quem nunca fizemos nada, mas que mesmo assim, surgem do nada e querem tudo o que nos pertence!

Foi então que vi meu guia, pela primeira vez. Ele era feito de luz, muita luz! Ele sorria satisfeito! A satisfação dele era a mesma minha! Eu também sorria! Comecei a dançar: dançava para ele, para mim, para os deuses, para a Grande-Árvore!

A dança da vitória: vitória pela vida, que ainda pulsa em mim!

10/06/2005

Meu poema preferido...



"Quando escolhi a selva,
para aprender a ser,
folha por folha,
entendi as minhas lições
e aprendi a ser raiz,
barro profundo,
terra calada,
noite cristalina,
e pouco a pouco mais,
toda a selva".

Pablo Neruda

10/03/2005

Mundo: onde mesmo?


Venho do trópico, do calor, do sol!

Sempre achei que a liberdade é ter espaço para correr,
é poder usar pouca roupa ou nenhuma.

É poder molhar o corpo no mar e deixar secar ao vento,
e continuar sorrindo, livre!

Sentia tristeza pelas pessoas que nasceram onde o frio
é rigoroso, limitados no espaço do calor fabricado para
sobreviver. Onde as pessoas passam a ver o mundo através
das janelas fechadas...

Só mais tarde compreendi que o mundo não está do lado de fora!

9/29/2005

Atrás de mim!


Já esqueci o que é paz.
Já esqueci de esquecer!

Aonde estou eu não sei...

Do som do mar estou bem longe...
Do sol da luz também estou!

Aonde estou eu não sei...

Já esqueci quem sou eu hoje,
já esqueci quem fui um dia.

Aonde estou eu não sei...

Estou bem longe...sei que estou!
Atrás do mar, atrás do vento,
atrás das nuvens, atrás de mim...

Estou atrás de mim!

Aonde estou eu não sei,
só sei que estou atrás de mim!

9/27/2005

Sobre o Adeus!


Adeus,
palavra definitiva,
sentido definitivo,
último.

Eu já disse sim: adeus!
E não voltei à olhar,
o meu olhar,
atrás.

O que ficou, não volta mais!

Eu fui, e a lágrima que rola em minha face,
encheu o Mar!

Eu disse sim: adeus!
Sem compreender se existe um porquê...

O que ficou, não volta mais!

Dos meus passos, caminhou o meu corpo,
na direção contrária do meu adeus.

Não voltei à olhar, o meu olhar,
atrás.