11/11/2006

Crônica "O tempo"...


...ganhei, com esta crônica, a segunda colocação no
I Concurso Literário Brasileiros-na-Alemanha.com

O Tempo

As roupas balançam no varal...
Todos os dias num mesmo movimento, na mesmice...
Todos os dias são iguais e monótonos no varal!
Tempo!?! Então lembrei de quando o tempo me sobrava, quando as noites e os dias eram longos, intermináveis, mas não havia um amor. As noites eram frias e tristes, solitárias...
Até que então esse amor surgiu! Dividiu comigo a cama, o corpo, as manhãs. Trouxe-me vida, sorrisos e abraços, paixão e calor.

O tempo? Passou a ser compartilhado, lado-a-lado, tempo e amor.
Percebi então, que faltava o preenchimento do espaço entre o tempo e o amor, foi assim que vieram os filhos...

Os filhos trouxeram mais vida, mais movimento, mais sentido!
Fizeram de cada dia um novo dia, e transformaram o sentido do tempo e do amor. Hoje questiono o tempo que me falta...
Talvez o tempo livre faça da existência um mero vazio, para onde os pensamentos viajam desnecessariamente, onde perde-se tempo...ou melhor, o tempo se perde.

As roupas continuam balançando no varal, num mesmo movimento, na mesmice de sempre! Porém a minha vida não é mais a mesma, meu tempo não é mais o mesmo...Já não tenho somente um amor, tenho vários!

Compreendi então que o tempo por si mesmo é inerte, aquele que todos os dias balança as roupas no varal. Em qualquer lugar do mundo, a vida se transforma não por causa do tempo, mas pelos nossos desejos de mudança, para dar sentido à existência, a continuidade e a coexistência.