11/07/2008


Sou uma gota de chuva que despencou do céu! De lá do alto, bem alto, fui caindo até tocar numa árvore! Do alto desta árvore, fui escorregando folha por folha, até tocar a terra! Então viajei mais fundo, nas profundezas...Até chegar num mundo feito de mim, feito de gotas, de muitas gotas!

Já não me sentia mais apenas uma gota, senti-me estranha... Perdi a minha idêntidade neste lago substerrâneo e escuro. Como num estado de choque, paralisei-me! Nesta imersão, percebi a minha existência: não diria insignificante, porque eu era uma partícula de algo maior.

Como continuar sendo uma gota, invísível aos olhos humanos, sem provar a minha existência?

Preferi meditar.



Gosto de tranças: de cabelos, de cordas, de novelos... Tranças que se enroscam entre si, e juntas, se fortalecem e perpetuam... Tranças, danças ao vento, andanças, mudanças, tranças alianças, se apertam e se amarram, se torturam e se amam, como os homens!
O meu pensamento é livre: acorda livre, caminha livre, sem fronteiras.

Então a liberdade hipócrita das sociedades hipócritas que se dizem livres, morrem em si.

Somente o meu pensamento livre sobrevive a mim:
me diz e contradiz, concorda e discorda... Terminará quando eu terminarei: nem nos sonhos, só na morte!

9/03/2008

Sobre o respeito...










Mais do que ser amados, queremos ser respeitados. O respeito que damos aos outros, normalmente é mesmo que recebemos. É uma postura! Respeito é algo precioso e deve ser sempre cultivado, para garantir qualidade nas relações: numa família, num casamento, numa amizade, num namoro...
Nos muitos anos que se levam para construir relações, respeitar e ser respeitado é sempre um desafio, ao mesmo tempo, um caminho de satisfação.



4/09/2008

Cresci no capitalismo do pobre, que é muito mais selvagem que o capitalismo do rico. Fui muitas vezes engolida, tragada pela força do trabalho, da exploração, do instinto à sobrevivência. Como fui forte! Como resisti a dor (da humilhação!). Resisti sim, e mantive o meu amor próprio: e fui mais forte e mais selvagem que o próprio capitalismo! Este, derrubou-me muitas vezes: mas o meu amor próprio me esbofeteou, me ergueu e me disse que eu era melhor que tudo isso!

É, devo unicamente ao amor próprio a minha vitória...

Mesmo sabendo que venci: também sei que perdi! Por isso, não há comemoração. Aprendi apenas a aceitar que o tempo, a história e as perdas são fatos da vida: e que não existe uma segunda chance...

...porque todas as chances são e serão sempre a primeira, mesmo que seja só para recomeçar.

Munique, 03.02.08

Escrever é um exercício, e o pratico não somente
na escrita de palavras, mas na interpretação do
que se passa na minha própria alma.

O que escrevo nada tem de importante,
que não seja eu mesma - e numa quase absoluta
solidão e caos - procuro por caminhos que me levem
ao encontro de certo paraíso, qualquer um que seja...

Os caminhos tornam-se becos, labirintos,
trilhas tortuosas... Nada carrego comigo,
que não seja somente o céu: o céu azul,
o céu nublado, o céu escuro, as tempestades!

De repente: paz!

Inesperadamente, encontro-me com Deus!

Munique, 02.04.08

4/08/2008

Vivo entrelaçada nos segundos dos minutos das horas
dos dias das semanas dos meses dos anos...
Vivo entrelaçada entre a ilusão e o real,
entre a noite e o dia, entre a morte e a vida.

Apunhalo-me! Então sangro... e curo a minha própria ferida,
com meu próprio remédio:

a coragem!


Munique, 07.03.08

1/29/2008

O que me pertence?


A brisa leva as folhas de um lugar ao outro, e é sempre assim nesta época. Enquanto caminho pelo parque, observo a natureza tão bela deste lugar: águas límpidas, verde e céu azul se completam, flores de todas as cores! Pássaros, patos, esquilos, cães felizes e seus donos (talvez felizes...) É uma natureza lindíssima, mas que não me pertence. Consigo apreciá-la, como aprecio um quadro, uma fotografia, mas dentro de mim, sei, que não pertenço a este lugar, e que este lugar não me pertence. Pergunto então: o que me pertence?
O que já me pertenceu não me pertence mais. O que passou, ficou para trás: atrás de uma montanha, de um rio, de um campo, de um oceano... do infinito que caminha na direção contrária dos meus passos. O que me pertence? Se esta natureza tão bela não me pertence, qual natureza é a minha então?Talvez o que me pertença seja só a minha alma... Talvez o que é meu não esteja escrito, nunca foi dito! O meu reflexo não me pertence, tal como a brisa que leva as folhas de um lugar ao outro... Sei o que não me pertence, por certo, sei. Sei também o que nunca me pertenceu, só não sei o que me pertence (se nem meus filhos me pertencem!). Nem esse corpo de mulher que se diz meu, nem o ar que respiro, nem a água que bebo, nem os raios de sol! Nem o dia, nem a noite, nem meu homem: absolutamente...nada! Existir talvez seja esse “não pertencer”. É assim, um desencontro de mim mesma, à procura de um sentido para a minha própria existência. O que me pertence?
As horas ignoram o meu desespero, os dias vão-se... anos, o que então, me pertence? Pertencer ou não é como “ser ou não ser”, e até Shakespeare morreu sem resolver tal questão!

Munique, 11.01.2008

O que me pertence?

A brisa leva as folhas de um lugar ao outro, e é sempre assim nesta época. Enquanto caminho pelo parque, observo a natureza tão bela deste lugar: águas límpidas, verde e céu azul se completam, flores de todas as cores! Pássaros, patos, esquilos, cães felizes e seus donos (talvez felizes...) É uma natureza lindíssima, mas que não me pertence. Consigo apreciá-la, como aprecio um quadro, uma fotografia, mas dentro de mim, sei, que não pertenço a este lugar, e que este lugar não me pertence.
Pergunto então: o que me pertence?
O que já me pertenceu não me pertence mais. O que passou, ficou para trás: atrás de uma montanha, de um rio, de um campo, de um oceano... do infinito que caminha na direção contrária dos meus passos.
O que me pertence?
Se esta natureza tão bela não me pertence, qual natureza é a minha então?Talvez o que me pertença seja só a minha alma... Talvez o que é meu não esteja escrito, nunca foi dito! O meu reflexo não me pertence, tal como a brisa que leva as folhas de um lugar ao outro...
Sei o que não me pertence, por certo, sei. Sei também o que nunca me pertenceu, só não sei o que me pertence (se nem meus filhos me pertencem!). Nem esse corpo de mulher que se diz meu, nem o ar que respiro, que a água que bebo, nem os raios de sol! Nem o dia, nem a noite, nem meu homem: absolutamente...nada! Existir talvez seja esse “não pertencer”. É assim, um desencontro de mim mesma, à procura de um sentido para a minha própria existência.
O que me pertence?
As horas ignoram o meu desespero, os dias vão-se... anos, o que então, me pertence?
Pertencer ou não é como “ser ou não ser”, e até Shakespeare morreu sem resolver tal questão!

Munique, 11.01.2008