1/29/2008

O que me pertence?

A brisa leva as folhas de um lugar ao outro, e é sempre assim nesta época. Enquanto caminho pelo parque, observo a natureza tão bela deste lugar: águas límpidas, verde e céu azul se completam, flores de todas as cores! Pássaros, patos, esquilos, cães felizes e seus donos (talvez felizes...) É uma natureza lindíssima, mas que não me pertence. Consigo apreciá-la, como aprecio um quadro, uma fotografia, mas dentro de mim, sei, que não pertenço a este lugar, e que este lugar não me pertence.
Pergunto então: o que me pertence?
O que já me pertenceu não me pertence mais. O que passou, ficou para trás: atrás de uma montanha, de um rio, de um campo, de um oceano... do infinito que caminha na direção contrária dos meus passos.
O que me pertence?
Se esta natureza tão bela não me pertence, qual natureza é a minha então?Talvez o que me pertença seja só a minha alma... Talvez o que é meu não esteja escrito, nunca foi dito! O meu reflexo não me pertence, tal como a brisa que leva as folhas de um lugar ao outro...
Sei o que não me pertence, por certo, sei. Sei também o que nunca me pertenceu, só não sei o que me pertence (se nem meus filhos me pertencem!). Nem esse corpo de mulher que se diz meu, nem o ar que respiro, que a água que bebo, nem os raios de sol! Nem o dia, nem a noite, nem meu homem: absolutamente...nada! Existir talvez seja esse “não pertencer”. É assim, um desencontro de mim mesma, à procura de um sentido para a minha própria existência.
O que me pertence?
As horas ignoram o meu desespero, os dias vão-se... anos, o que então, me pertence?
Pertencer ou não é como “ser ou não ser”, e até Shakespeare morreu sem resolver tal questão!

Munique, 11.01.2008

Nenhum comentário: