10/22/2005

Desconstrução...


Pulei do ponto mais alto, pulei...
Mergulhei em mim - eu sou o centro!
Neste mergulho tive momentos de agonia,
uma certa falta de ar...
Vi quantos lugares desconhecidos possuo à mim mesma:
lugares que tenho medo de enxergar.
Vi-me criança, desamparada,
à mercê do acaso e da sorte.
Vi no meu rosto os olhos medrosos e um sorriso falho:
uma criança sem alegria.
Fugi... (mas como fugir de mim?)
Me deparei com outro rosto, mas ainda eu mesma:
um rosto jovem e decidido, até certo ponto frio
(mesmo sabendo que essa frieza era uma máscara
na luta pela sobrevivência!).
Corri... (mas como correr de mim?)
Neste momento, atravessei um corredor estreito,
tão estreito... não sei como passei por ele.
Do outro lado havia uma mulher, ainda jovem,
porém sozinha - completamente.
Vi nela a força de quem não se deixa vencer,
mesmo sabendo de que não há vencedor no jogo da vida!
Chorei... (mas como chorar por mim?)
De repente, encontrei-me com a ebulição do meu sangue,
jorrando vidas, me torturando e ao mesmo tempo,
tornando-me a mais bela...
Esqueci de mim: deixei meu centro, pari!
(desconstruí, como eu não sei, deste ponto me perdi de mim!).
Continuo neste mergulho profundo,
à procura de tudo o que fui à mim mesma...
Quero os meus medos, a minha solidão, a minha força,
a minha ebulição! Quero tudo!
Quero meu sangue jorrando, encontrar a mulher que se perdeu...
Só não quero fugir, correr, chorar!
Sou o acúmulo de todas quem fui, e não sei quem fui e quem sou!
Quero encontrar a saída do meu labirinto...
Pergunta: se não há vencedor no jogo da vida,
por que eu procuro a saída?

Nenhum comentário: