8/19/2005

A Felicidade


Sentei-me exausta naquele banco de jardim. O jardim estava tão verde e florido! Havia também um chafariz, que dava ao local mais harmonia com som das águas. Algumas pessoas passeavam por ali. Nesse cenário, eu era quase um banco, imperceptível perante tanta beleza. Era tudo tão tranqüilo, que eu conseguia ouvir o som das águas e os batimentos do meu coração. Tudo ali era vida, inclusive eu. De repente, um beija-flor surgiu! Voava eletricamente de uma flor à outra. Parecia tão feliz! A natureza o presenteava com cores e talvez, sabores diferentes. Ele era um beija-flor feliz! Se eu pudesse nascer de novo, se eu pudesse escolher outra forma de vida, certamente eu seria um beija-flor!

Ouvia ainda os batimentos do meu coração... Isso me fez refletir sobre quem eu era: tudo em mim funcionava como uma orquestra! O coração batia, o sangue corria e os meus pensamentos também voavam eletricamente, como aquele beija-flor!

Lembrei-me então da minha infância sofrida, das escolhas equivocadas, das pessoas as quais nunca mereceram a minha confiança (nem sei porque lembrei delas, pois não merecem nem meus pensamentos de lembrá-las!). Muitos outros fatos passados vieram como “flashes” à mente!

No entanto, ali naquele exato momento, naquele jardim, eu era outra pessoa e não as tantas outras que um dia já fui! É como se todos os dias da minha vida eu acordasse uma outra pessoa. Tudo o que eu havia vivido era e não era eu! O passado então, não era necessariamente o meu, porque eu era outra todos os dias! Eu também fazia parte da natureza em transformação! Toda essa reflexão, nesse banco desse jardim, também ficarão para trás. Será somente um contexto tranqüilo, de um curto espaço de tempo, de quem sou eu hoje!

Aquele beija-flor ainda estava ali, como eu. Ele estava feliz por estar ali...e eu? Acho que eu também estava feliz, mas a certeza da felicidade a gente só há tem, quando já não há tem mais.

Felicidade? Pouca importa a felicidade se todos os dias quando acordo, sou outra pessoa. Se não fui feliz ontem, sendo quem eu era, talvez possa ser eu feliz hoje, sendo quem eu sou; ou talvez amanhã sendo a outra pessoa que ainda serei! Eu sou como a natureza em transformação!

A felicidade em si não é planejada (nem deve, nem pode!). Ela se esconde em momentos inesperados (como nesse jardim), se esconde no amanhã e nos outros muitos “eus” que eu desconheço ainda em mim!

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