8/14/2005
O tempo.
As roupas balançam no varal... Todos os dias num mesmo movimento, na mesmice... Todos os dias são iguais e monótonos no varal!
Tempo!?! Então lembrei de quando o tempo me sobrava, quando as noites e os dias eram longos, intermináveis, mas não havia um amor. As noites eram frias e tristes, solitárias...
Até que então esse amor surgiu! Dividiu comigo a cama, o corpo, as manhãs.E trouxe-me vida, sorrisos e abraços, paixão e calor.
O tempo? Passou a ser compartilhado, lado-a-lado, tempo e amor. Percebi então que faltava o preenchimento do espaço entre o tempo e o amor, foi assim que vieram os filhos... Os filhos trouxeram mais vida, mais movimento, mais sentido! Fizeram de cada dia um novo dia, e transformaram o sentido do tempo e do amor.
Hoje questiono o tempo que me falta...
Talvez o tempo livre faça da existência um mero vazio, para onde os pensamentos viajam desnecessariamente, onde perde-se tempo...ou melhor, o tempo se perde.
As roupas continuam balançando no varal, num mesmo movimento, na mesmice de sempre!
Mas a minha vida não é mais a mesma, meu tempo não é mais o mesmo...Já não tenho somente um amor, tenho vários!
Compreendi então que o tempo por si mesmo é inerte, aquele que todos os dias balança as roupas no varal. A vida se transforma não por causa do tempo, mas pelos nossos desejos de mudança, para dar sentido à existência, a continuidade e a coexistência.
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